A Lenda do Gnomo Burro (Parte 2)
Lembram dele? Pois é, ele está de volta...
Waldir estava se sentindo meio perdido. Não perdido como de costume (já que ele é bem burro), pois desta vez ele estava flutuando, coisa que ele só fez quando caiu de cabeça do balanço na escola. Do alto, ele podia ver uma mancha de sangue verde no asfalto da BR, e uma besta parada do lado, com seu motorista trocando o pneu. Um pneu sujo de verde. Waldir resolveu ir para sua casa, na verdejante mata de eucaliptos do lado da estrada. Sua cabecinha de bagre não conseguiu assimilar a imagem de seu próprio corpo estraçalhado. Num esforço sobre-humano (ou sobre-gnomico, no caso), Waldir sentou-se e tentou com todas as suas forças racionalizar e entender o que estava acontecendo, entrando em transe, como se tomado por um Exu.
Enquanto ele balançava sua cabecinha de vento para frente e para trás (como o Mr. Abdominal), surgiu uma criatura muito peculiar: um porco com asas. Seu corpo, coberto de cicatrizes, exalava um fedor de cigarro e cerveja, tinha o olho esquerdo coberto por um pano enquanto o olho esquerdo era estrábico. Com toda delicadeza do mundo, o porco chutou a testa de Waldir, que acordou instantaneamente e perguntou:
- Desde quando porco voa?
- Desde quando eu ganhei asas, seu mentecapto.
- Quem é você? Perguntou Waldir
- Meu nome é Jonesildo, e eu vim te buscar, seu abobado!
- Me buscar pra onde? Pra passear no parque?
Jonesildo, por causa de uma ressaca braba, estava sem paciência, e disse logo de uma vez:
- Tu morreu atropelado. Vim te buscar pra te levar pro outro mundo. Por isso tua carcaça tá logo ali, enquanto que tu tá aqui.
- Mas como eu morri? Pergunta mais uma vez o pobre gnomo.
- Café pequeno... Tu foi só ATROPELADO POR UMA TOPIC À 120 KM/H!
- Mas eu fui colher florzinhas...
- Não olhou pros dois lados ao atravessar a estrada, sua besta.
- Eu vou pro inferno por isso?
- Não exatamente... Olha, vem comigo que tu já, já vai saber.
- Para onde nós vamos?
- Já te falei: pro outro mundo. Pro Mundo Espiritual.
Continua...
Qualquer semelhança com “Yu Yu Hakusho” é apenas coincidência. Se vocês gostaram dele, eu continuo escrevendo essa bosteira, caso contrário... eu escrevo sobre moscas esmagadas no para-brisa de um chevette.