O sangue deixado para trás
Um de meus técnicos de atletismo nos Estados Unidos disse uma vez que não se importava em ficar em último lugar numa competição importante, se ele tivesse feito o seu melhor. O que realmente importa é o esforço, a dedicação, a persistência. A vitória é apenas um subproduto superestimado.
Participei de uma competição escoteira este fim de semana, como monitor (líder) de uma patrulha (time). Ficamos em 24º lugar de 30 equipes. Foi um fiasco. Não por termos ficado em posição tão fraca, mas pela falta de espírito de trabalho e união que imperou entre nós.
Ao que tudo indicava, meus patrulheiros estavam tão ou mais empolgados, e que iriam se dedicar com todas as suas forças para vencer. Nada mais falso. O que eles desejavam era uma “vitória fácil”, erguer o troféu e viver um momento de glória sem terem se esforçado para isto. Diversas vezes preferiram satisfazer prazeres pessoais em detrimento das necessidades da equipe. Fiquei com a sensação de ter falhado como líder, pois não consegui motivar meus comandados a lutarem por uma verdadeira vitória. E mesmo assim, no final da atividade, na entrega dos prêmios, eles ainda esperavam ganhar algo, como se tivéssemos merecido algo. Senti uma grande ra
Levar uma taça para casa não é a verdadeira vitória. Pelo contrário. A vitória está em sofrer, lutar, chorar e nunca desistir, por mais doloroso que a jornada seja. A verdadeira vitória é, no fim do dia, ver as mãos vermelhas e calosas por remar com muito empenho; sentir as bolhas nos pés doerem por ter corrido demais; passar emplasto nas costas por ter carregado uma mochila pesada demais; é olhar para trás e ver que, ganhando ou não, se lutou de verdade até o final, como os verdadeiros heróis fazem.
Coloquei “vitória fácil” entre aspas não por acaso, mas por ser um paradoxo. Uma vitória é sofrida, lutada, conquistada a ferro e fogo, ou não será verdadeira. Qual seria a satisfação de ganhar sem esforço? Levantar uma taça que foi roubada e não conquistada? Seria uma vitória vazia, sem significado. O empenho é que valida a vitória, e não o contrário. Apenas se deixarmos nosso sangue no tortuoso caminho ao topo, nada terá valido a pena, e teremos apenas desperdiçado nosso tempo.
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