Se a vida é uma festa, não é uma balada
Toda vez que vou em alguma casa noturna aqui em Caxias (são poucas estas vezes, posso garantir) e conto para alguém, sempre me perguntam "A festa foi boa?"
Os padrões que definem uma festa boa sempre foram muito elusivos para mim, afinal, todas as vezes que fui foram iguais: ficar bebendo grandes quantidades de álcool ouvindo música alta, andando em meio a uma multidão caótica e espremida, olhando para luzes fortes demais para meus olhos, envolto por uma nuvem de fumaça de cigarro. Todos os seus sentidos são anulados, e fica apenas a sensação de ter tomado uma anestesia. Estranhamente, não sinto prazer algum nisso tudo.
"Como não? Cair na night é tão bom!" algum leitor incauto deve estar exclamando a esta altura do campeonato; "Eu e meus amigos saímos pra curtir desde os 12 anos de idade*, e sempre gostamos. Como é possível que você não goste?" diz outro.
Claro que gostam: vocês foram condicionados para isso. Se não o fossem, achariam, no mínimo, uma besteira.
Não tenho nenhum motivo para "cair na night", a começar que night é noite em inglês, e substituir a palavra portuguesa pela inglesa é algo de mau gosto. A primeira vez que fui em uma balada (que nome idiota!) foi quando tinha 14 anos. Depois de apenas meia hora lá, já fui carimbado com um jato de vômito alcoólatra. Boas lembranças de uma boa festa? Sinceramente, não sei por que este tipo de festa deveria ser divertido. Festas são divertidas, sim, ou seriam velórios, mas por que uma festa deve ser necessariamente entornando o caneco num lugar fechado, fedido, barulhento e com gente saíndo pelo ladrão? É pelas pessoas que vão lá, nestes buracos de lixo chamados "casas noturnas"?
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