segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Vida Dura (Parte 6)

Anteontem de tarde assisti o noticiário da RBS. É sempre surreal assistir um jornal (que na verdade se lê, mas isso não vem ao caso) falando sobre Flores da Cunha e Tramandaí com sotaque gaúcho. Mas não foi isto que me levou a escrever um post.

Uma das reportagens que passou era sobre como as praias do Litoral Norte estavam sendo invadidas por veranistas, a pior espécie de turista. Todas as imagens exibidas eram, no mínimo, desanimadoras: filas gigantescas nos restaurantes, mercados apinhados de gente querendo comprar Sundown e sorvete e praias lotadas de guarda-sóis de cores berrantes e gordos de sunga jogando frescobol, sem esquecer os já clássicos vendedores de milho cozido e sacolé. E apesar de eu ter pintado um inferno na terra (à beira-mar, claro), ninguém que a RBS entrevistou pareceu estar aborrecido na praia. Pelo contrário: não queriam estar em outro lugar. "A gente vem aqui pra relaxar, então tem que ficar calmo" disse um ser que esperava sua vez numa caótica fila de supermercado, com seu sorvete provavelmente derretendo. "Ai, nessa época do ano precisa dum solzinho, do barulhinho do mar" disse uma mulher pegando câncer de pele, digo, um bronze.

Pelo jeito, a praia opera milagres no humor das pessoas, pois só lá que elas conseguem relaxar. Ou seria mesmo? Asssitir a RBS falando de Tramandaí teve um sabor especial por que eu tinha recém voltado da praia, e estava feliz da vida por isso. Me pergunto porque a praia tem esse poder curador, que restaura a paz interior das pessoas, e as faz terem tanta paciência? Pelo que me parece, elas escolhem ficarem calmas na praia. Então porque não escolhem ficarem calmas em casa, em sua cidade natal? Talvez porque as pessoas são condicionadas a acreditar que praia é relaxante desde muito cedo, e se elas não conseguem relaxar, elas são problemáticas. Eu devo ser. Enchi o saco de praia já no segundo dia. Basicamente, a única diferença é que, ao invés de ficar coçand o saco em casa, se fica coçando o saco do lado do mar.

Tive muitos veraneios felizes, certamente. Mas isto se deve ao ambiente da praia ou por que eu tinha muitos outros motivos para ficar feliz? Pensem nisso na próxima vez que você estiver se fodendo na praia para encontrar um lugar para colocar seu guarda-sol ou em um engarrafamento na Free Way.

Minhas festas de Final de Ano

Nesta época de final de ano, as pessoas geralmente saem de suas cidades e vão para a praia ou qualquer outro lugar disponível passar o feriadão e assistir a queima dos fogos de artifício, comemorar as boas entradas, beber espumante (champanhe é bebida de rico ou biscoito vagabundo), essas coisas.

Mas eu não. Resolvi que vou ler os polígrafos que não consegui ler durante o semestre letivo. Isto é mais por motivos econômicos do que acadêmicos, pois como não tenho como devolvê-los ao fabricante, e não vale a pena tocar fogo neles sem ao menos saber se contêm alguma informação importante para minha vida (ou pelo menos divertida). Só o fato de eu ter postergado sua leitura para as férias deve indicar quão ruins eles são.

Boas entradas pra quem continua lendo isto aqui justamente no Ano Novo!